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Arquitetos: Correia/Ragazzi Arquitectos
- Área: 227 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:Luis Ferreira Alves
Descrição enviada pela equipe de projeto. A caracterização da envolvente ao terreno reveste-se de aspectos claramente rurais, revelando uma baixa densidade de construção, onde as edificações raramente ultrapassam um piso e confronta-se com uma vasta e extraordinária paisagem natural.
A casa a construir pretende estabelecer uma relação visual com a paisagem circundante, sobretudo o Castelo e os belíssimos vales plantados com olivais ou amendoeiras. Por outro lado, no centro deste terreno existe uma particular pré-existência de características muito interessantes, quer pela sua natureza patrimonial, quer pela beleza e interesse em salvaguardar, que é a eira de pedra – granito e ardósia, em peças de enormes dimensões e com um desenho particularmente interessante. A eira em si tem 15m por 15m.
Por este motivo a intenção é a de colocar a habitação a uma cota ligeiramente mais elevada desta, soltando-a fisicamente da eira para não a desvirtuar e de modo a utilizá-la como espaço de estar, como esplanada exterior, enquanto plataforma bem definida, pelo que a habitação se implanta em função das suas medidas e junto da mesma, mas resultando simultaneamente com alguma autonomia formal.
Também foi extremamente importante na decisão da implantação o fato de o conjunto garantir a manutenção da maior parte das árvores, ficando a casa rodeada de vegetação como se pode ver nas fotos do existente.
Esta habitação é composta por um piso com a entrada principal praticamente no enfiamento da entrada do terreno, embora existam vários vãos que permitem o acesso direto ao exterior. Os materiais utilizados exteriormente são: alvenaria de xisto idêntica à existente no local, a revestir todas as paredes estruturais; o concreto branco para as lajes inferiores e superiores que ficam aparentes; o concreto será cofrado com tábuas de madeira sem acabamento para que possam imprimir no mesmo a textura da madeira.
Todas as caixilharias e portadas exteriores serão maioritariamente em madeira, vidro e com algumas peças em aço inox. Também nos pavimentos e arranjos exteriores, onde necessário, se procurará repetir as antigas calçadas nos mesmos materiais.
No interior, a zona social funciona como uma espécie de open-space e existe uma franca divisão entre esta que é diretamente relacionada com a cozinha e a zona mais privada com três quartos de dormir, armários e quartos de banho de apoio, sendo que o elemento que faz essa transição é uma sala de estar de caráter mais intimista. O volume da lareira faz esta separação, ao mesmo tempo que relaciona visualmente as salas, já que funciona para ambos os lados. Este volume terá um protagonismo particular no espaço. Aqui existe ainda uma iluminação zenital, já que se trata da parte mais interior da casa.
Os muros existentes, tradicionais nesta zona do país, serão recuperados em todo o terreno envolvente. A leveza da casa será acentuada pela sua fragmentação evidente nos seus quatro cantos, assimétricos por diferentes razões, que se prendem ou com enquadramentos de natureza paisagística, ou com os ventos dominantes, ou ainda com a exposição solar.